ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO TRABALHO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Resumo
Este estudo objetivou analisar aspectos psicossociais do cotidiano profissional de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), a partir da prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) e do modelo Demanda-Controle. Trata-se de um estudo
epidemiológico de corte transversal, realizado com uma amostra de 179 ACS do município de Itabuna, Bahia, Brasil. Para coleta de dados, aplicou-se questionário estruturado, contendo, dentre outras, questões relativas ao SRQ20 (Self Reporting Questionnaire), ao JCQ (Job Content Questionnaire)
e às condições sociodemográficas e ocupacionais. Fez-se análise estatística descritiva, através do Programa SPSS, versão 21.0. Dentre os resultados, destacam-se: maior frequência de mulheres (82,7%), com união estável (76,5%) e idade média de 39 anos. O tempo médio de trabalho foi de 8
anos. Sobre participação em treinamentos, a maioria referiu ter recebido treinamento antes (85,5%) e durante (82,1%) o exercício da função. A prevalência de TMC foi de 39,4%. Sobre o modelo Demanda-Controle frente ao trabalho, a distribuição dos ACS revelou que 39,1% dos trabalhadores vivenciam situações de vulnerabilidade, sendo expostos a baixo controle ou a alta demanda. Conclui-se que o TMC e baixo controle e alta demanda no trabalho são problemas psicossociais que afetam parcelas significativas dos ACS, os quais carecem de estratégias para melhoria da assistência e da vida no trabalho.
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.13102/rscdauefs.v7i1.1123
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