CAMPANHAS DE ARRECADAÇÃO DE DENTES DECÍDUOS E ORIENTAÇÃO DE HIGIENE ORAL EM CRECHES E ESCOLAS DO BAIRRO CAMPO LIMPO, FEIRA DE SANTANA.
Resumo
Introdução
Os Bancos de Dentes Humanos (BDH) nas instituições de ensino superior do Brasil foram criados por volta do ano 2000 com o intuito de evitar o comércio ilegal de dentes e minimizar o risco de contaminação cruzada, conscientizando discentes e pesquisadores acerca da biossegurança e das questões legais. Suas atividades são arrecadação, preparo, desinfecção, seleção, separação de acordo com a anatomia, estocagem e empréstimo de dentes humanos (Pereira, 2012).
O BDH viabiliza material para ser utilizado em pesquisas de projetos de iniciação científica, pós-graduação e para estudos laboratoriais na graduação nas disciplinas de Dentística, Endodontia e Prótese. Os Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) apenas aprovam pesquisas cuja origem dos dentes utilizados seja comprovada e legalizada. Por isso, todas as faculdades de Odontologia necessitam ter biobancos ou bancos de dentes humanos regulamentados que atendam às demandas da instituição (Endo, 2017; Nassif, 2003).
Em 1997 os dentes passaram a ser reconhecidos como órgãos, através da Lei de Transplante no Brasil, tornando-se necessária a autorização do doador para que as unidades dentárias possam ser utilizadas. Dessa forma, o paciente ou dentista que deseja doar dentes ao BDH precisa assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ou o Termo de Doação de Dentes Humanos de Cirurgiões-Dentistas, isto garante a legalidade da procedência dos dentes e valoriza o mesmo como um órgão do corpo humano (Pereira, 2012).
Entretanto, a maioria dos alunos de graduação ainda não utiliza dentes de origem legal, porque a quantidade de bancos de dentes humanos existentes é insuficiente para atender as demandas das faculdades brasileiras (Costa et. al., 2014). Dessa forma, é necessário estimular a doação de dentes, através da divulgação para a comunidade interna e externa da instituição (Endo, 2017).
Apesar de serem constantemente e naturalmente perdidos, os dentes decíduos são doados em quantidade muito inferior aos permanentes, pois ainda não se entende que eles podem auxiliar no progresso da Odontologia. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo relatar uma atividade extensionista realizada no ano de 2019, que teve como finalidade auxiliar na construção de uma eficiente cultura de doação de unidades dentárias e aumentar a arrecadação de dentes para o Banco de Dentes Humanos (BDH) da Universidade Estadual de Feira de Santana, ajudando assim na formação acadêmica do estudante de Odontologia e no avanço de pesquisas científicas.
Material e Métodos
Foi realizado um levantamento das escolas e creches presentes no bairro Campo Limpo, no município de Feira de Santana, para planejar onde as atividades seriam realizadas. Após isso, comunicou-se com os diretores para que eles permitissem visitas nas salas de aula e para realizar o planejamento em conjunto. Em seguida, um levantamento bibliográfico foi feito para embasar a confecção de todo o material que foi utilizado: cartazes, cartilhas sobre higiene oral, brindes, comunicados e Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, além de certificados do Clubinho do Banco de Dentes para as crianças que doaram os seus dentes.
As palestras foram feitas para 200 crianças sobre higiene bucal, cárie, doença periodontal, consequências da perda precoce dos dentes decíduos e o porquê de doar dentes para Bancos de Dentes Humanos (BDH), com demonstrações em manequins, dinâmicas e entrega de brindes. Ao final destas, foram enviados comunicados para os pais que continham a explicação sobre como armazenar os dentes doados (em potes com água de torneira) e sobre a necessidade destes assinarem o Termo de Consentimento. Posteriormente, retornou-se às escolas, em datas previamente combinadas com os diretores e alunos, para arrecadar os dentes doados e entregar os certificados aos doadores.
Resultados e Discussão
De acordo com Marin et. al. (2005), o Banco de Dentes Humanos deve conscientizar a comunidade sobre a necessidade da existência da instituição para valorizar o dente como órgão humano e eliminar o risco de infecção que existe no manuseio inadequado do mesmo. O que pode ser feito, segundo Endo (2017), através de atividades educativas, palestras, uso de redes sociais e apresentações em congressos.
A doação de dentes decíduos é bastante complicada, pois estes geralmente são extraídos em casa e descartados de qualquer forma, sendo que por meio da realização desta atividade extensionista, arrecadou-se 74 dentes decíduos, que foram doados seguindo todos os parâmetros legais e com os devidos cuidados com a biossegurança, contribuindo muito para formação acadêmica do estudante de Odontologia, o avanço da ciência e para conscientização das crianças e responsáveis de que o dente é um órgão que pode ser doado.
Além disso, foi possível expandir as atividades do Banco de Dentes Humanos da Universidade Estadual de Feira de Santana (BDH-UEFS) para além da Universidade e orientar as crianças sobre formas de prevenir a cárie e a doença periodontal, que são agravos capazes de levá-las a perda dental precoce, prejudicando sua qualidade de vida. A esfoliação dos dentes decíduos acontece dos seis aos doze anos, sendo um processo fisiológico que possibilita a erupção dos dentes permanentes. SANTOS (2013) explica que os dentes decíduos são excelentes mantenedores de espaços naturais, evitando problemas de diminuição do perímetro do arco, perda de espaço e migrações dentárias, sendo que as perdas precoces dos mesmos têm sido associadas com o surgimento de diversas anormalidades de oclusão. Dessa forma, deve-se ter o devido cuidado para que sejam perdidos no tempo correto e de forma natural.
Considerações finais
As atividades de extensão preparam o estudante para o bom planejamento de ações que beneficiam a comunidade externa e propiciam retornos positivos para Universidade. Este trabalho extensionista possibilitou o aumento da arrecadação de dentes decíduos para o Banco de Dentes Humanos da UEFS, o que contribuiu muito para as práticas acadêmicas do curso de Odontologia e o avanço de pesquisas científicas. Como devolutiva, o público infantil pôde ter acesso a informações básicas sobre cárie, doença periodontal e formas simples de prevenção destas doenças, para evitar a perda precoce de dentes e suas consequências negativas para a mastigação, fala e relações sociais.
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Referências
COSTA, J.A. et. al. Aspectos éticos da obtenção de dentes por estudantes de uma graduação em Odontologia. Revista Bioética, v.22, n.1, p.11-175, 2014.
ENDO, M.S. et al. Importância do banco de dentes humanos: relato de experiência. Archives of Health Investigation, v.6, n.10, p.486-490, 2017.
MARIN, E.A. et. al. Estruturação do Banco de Dentes Humanos Decíduos da Universidade Federal de Santa Maria/ RS/ Brasil. Passo Fundo, v.10, n.2, p.7-9, 2005.
NASSIF, Alessandra Cristina da Silva, et. al. Estrutura de um Banco de Dentes Humanos. Pesquisa Odontológica Brasileira, v.17, p.70-74, 2003.
PEREIRA, D.Q. Levantamento dos Bancos de Dentes Humanos dos Cursos de Odontologia no Brasil e Experiência na criação do Banco de Dentes Humanos da Universidade Estadual de Feira de Santana – Bahia. 2012. 111 f. Tese (Doutorado em Medicina e Saúde). Programa de Pós-graduação em Medicina e Saúde, Faculdade de Medicina da Bahia, Salvador, 2012.
SANTOS, A.G.C. et. al. Perda precoce de molares decíduos em crianças atendidas na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. Odontologia Clínico-Científica. Recife, v.12, n.3, p.189-193, 2013.
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