CUIDADO PARA A PROMOÇÃO DE CONFORTO DE FAMILIARES DA PESSOA NO INTRAOPERATÓRIO

Autores

  • Maryana Carneiro de Queiroz Ferreira Universidade Estadual de Feira de Santana
  • Marluce Alves Nunes Oliveira Universidade Estadual de Feira de Santana

DOI:

https://doi.org/10.13102/jeuefs.v2i2.5971

Resumo

INTRODUÇÃO: O conforto é considerado uma necessidade humana básica, proposta essencial e prioritária, com um objetivo terapêutico para atenção de cada pessoa, a fim de promover bem-estar (CARDOSO; CALDAS; SOUZA, 2019). Nessa perspectiva, o conforto precisa ser implementado também para a família que vivencia os sentimentos desagradáveis junto com a pessoa que se encontra no período intraoperatório. O período intraoperatório, inicia com a transferência da pessoa para a sala de operação e termina com a conclusão do procedimento cirúrgico e transferência da pessoa para a sala de recuperação pós-anestésica (ESCOBAR et al., 2018).  Diante disso, a promoção de conforto dos familiares da pessoa no intraoperatório se configura como uma prática essencial, uma vez que permite que os familiares recebam uma escuta singular e atenda às necessidades humanas básicas, favorecendo um bem-estar e redução de sentimentos de desconfortos vivenciados.  Nessa perspectiva, o estudo contou principalmente com os estudos de Queiroz et al (2015); Carvezan et al (2017); Jacomossi et al (2017); Queiros et al (2016); Costa, Ambrozio, Maia (2019); Arnhold et al (2017). OBJETIVOS: Promover o cuidado para promoção do conforto aos familiares da pessoa no intraoperatório, descrever a importância do cuidado para promoção do conforto de familiares em acompanhamento da pessoa no intraoperatório e elaborar cartilha com orientações sobre o cuidado no intraoperatório e a promoção do conforto aos familiares. MATERIAIS E MÉTODOS: Esta atividade extensionista é um recorte do Projeto intitulado, “Produção do cuidado para a promoção do conforto de famílias no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA)”, Resolução CONSEPE 095/2013. A fim de conhecer o que a literatura aborda a respeito dos familiares que acompanham a cirurgia do seu ente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, sobre a promoção de conforto dos familiares da pessoa no período intraoperatório e processo de acompanhamento de pessoas hospitalizadas. Consecutivamente, foram realizadas reuniões semanais com os familiares que se encontravam na sala de espera do centro cirúrgico, utilizando como recursos audiovisuais, álbum seriado, músicas instrumentais, mensagens de conforto e a pratica da respiração consciente, visando promover conforto aos familiares da pessoa no intraoperatório. Na vigência das reuniões realizadas, foi aplicado um instrumento para a coleta de dados, que contou com a participação de 08 familiares, visando conhecer os confortos e desconfortos, o que contribuiu para a construção da cartilha educativa. A cartilha educativa foi construída, tomando como base o referencial bibliográfico e coleta de dados realizada com os familiares, contendo informações e orientações sobre o centro cirúrgico e o procedimento diagnóstico terapêutico realizado pela pessoa no intraoperatório.  Com o objetivo de verificar a representatividade que a cartilha educativa propõe aos familiares da pessoa no intraoperatório, foi realizada uma validação, contando com 09 juízes (experts), sendo todos enfermeiros que atuam em centro cirúrgico, contactados por meio eletrônico do currículo lattes, ainda, com o objetivo de garantir a eficácia do material educativo, o processo de validação ocorreu em duas etapas, e contando com perguntas objetivas e subjetivas. A análise dos dados obtidos na validação foi realizada partindo da taxa de concordância proposta por Ribeiro et al. (2017), para os dados quantitativos, e análise de conteúdo proposto por Bardin (2016), para os dados qualitativos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da atividade extensionista visando o acolhimento aos familiares da pessoa no intraoperatório, foi possível promover conforto e minimizar os sentimentos desagraveis que surgem nesse período, uma vez que a escuta qualificada associada ao conhecimento obtido através da exposição do centro cirúrgico por meio do álbum seriado, e as músicas instrumentais, mensagens de conforto e respiração consciente, permite que os familiares permaneçam na sala de espera mais tranquilos e confortáveis, enquanto aguardam a realização da cirurgia do seu ente. As famílias necessitam ser cuidadas tanto quanto a pessoa que está passando por um processo diagnostico terapêutico, e consideram importante o acolhimento recebido pela equipe de saúde, pois minimizam as repercussões psicológicas provenientes da vivência de hospitalização (AZEVÊDO; CREPALDI; MORE, 2016). A construção e validação de cartilha educativa é considerada importante para promover informações e conforto para familiares que aguardam seus entes no tratamento realizado em instituição de saúde. Para Rodrigues et al., (2020), o uso de tecnologias educacionais impressa, como as cartilhas educativas, é considerado uma ferramenta viável para educação em saúde, pois permite a oferta de informações pertinentes para a população, capaz de sensibilizá-las. Nessa perspectiva, o processo de validação foi essencial para garantir melhorias no material educativo, visando que os familiares possam receber um material de qualidade e fácil compreensão. Tendo como base a avaliação pelos juízes, na primeira etapa, 84,62% dos itens abordados na cartilha educativa teve uma taxa de concordância menor que o ponto de corte estabelecido, de 80%, exigindo adaptações para que a cartilha se apresentasse adequada aos familiares da pessoa no intraoperatório. Já na segunda etapa de avaliação, após adaptações realizadas a partir da sugestão dos juízes, todos os itens obtiveram uma taxa de concordância acima que 80%, sendo que apenas um deles foi inferior a 100%, configurando como um material adequado e valido para os familiares em processo de acompanhamento. A validação desempenha papel importante na produção ou na melhoria da cartilha educativa, possibilitando melhor acolhimento, e que promova a saúde e o cuidado (LEITE et al., 2018; WIESNER et al., 2020). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados desta atividade extensionista demonstrou que o acolhimento dos familiares da pessoa no intraoperatório é fundamental para a promoção de conforto, permitindo que ocorra a redução de sentimentos desagraveis e que os mesmos permaneçam na sala de espera de forma confortável. Além disso a cartilha educativa validada irá promover conforto e orientações pertinentes aos familiares em processo de acompanhamento dos entes no intraoperatório.

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Biografia do Autor

Maryana Carneiro de Queiroz Ferreira, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduanda em Enfermagem, departamento e área da Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana, membro do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudos em Saúde (NIPES)

Marluce Alves Nunes Oliveira, Universidade Estadual de Feira de Santana

Enfermeira, doutora, professora do departamento e área da Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana, membro do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudos em Saúde (NIPES)

Referências

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Publicado

2021-11-19