EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE NA RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA

Autores

  • Isaque Gomes da Silva UEFS
  • Ludmila Oliveira Holanda Cavalcante UEFS

DOI:

https://doi.org/10.13102/jeuefs.v2i2.6032

Resumo

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE NA RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA*

SILVA, I. G[1] & CAVALCANTE, L. O. H2

 

*Projeto de Extensão:  Educação Ambiental e Práticas Pedagógicas: aproximações com o trabalho escolar (RESOLUÇÃO CONSEP N. 048/2009).

Palavras chave: Extensão. Educação Ambiental. Práticas Pedagógicas. Ambientalização Curricular

 

Introdução:

O presente estudo tem como objetivo analisar a importância da Extensão Universitária junto às propostas de Educação Ambiental no processo acadêmico de formação docente. O estudo originou-se da experiência no Programa de Bolsas de Extensão da Universidade Estadual de Feira de Santana com atuação de estudantes de licenciatura, na Equipe de Estudos e Educação Ambiental da universidade no período de um ano. A metodologia usada nesse trabalho tem como base a pesquisa bibliográfica, nos temas de Educação Ambiental Crítica, Extensão Universitária e Formação de Professores. A extensão universitária faz parte da história do ambiente educacional. Diversos estudos apontam que a extensão surgiu primordialmente na Grécia em suas primeiras escolas, outros apontam que foi na Europa Antiga, e até mesmo há quem afirme ter sido originada na Inglaterra, em meados do século XIX com a função de formar professores para lecionar. De acordo com Sbardelini (2005, p.6), “a extensão teria surgido há aproximadamente nove séculos após a criação das Universidades”. Desta forma, compreende-se o valor deste processo formativo na perspectiva da vida acadêmica. A perspectiva formativa na experiência extensionista analisada neste artigo, é vinculada ao debate da Educação Ambiental, com o objetivo de ressaltar a importância de participar dos processos pedagógicos no universo extensionista do Programa de Bolsas de Extensão no período de 2019 e 2020, enquanto alicerce formativo da licenciatura em Ciências Biológicas.

 

Materiais e Métodos

Para dar conta deste artigo, a proposta metodológica baseou-se em uma pesquisa bibliográfica que vem sendo estudada ao longo dos últimos meses junto à experiência de práticas pedagógicas na Equipe de Estudos e Educação Ambiental (EEA/UEFS) e a análise dessas práticas ao longo do período formativo.

 

Resultados e discussões

Educação Ambiental (EA) é uma dimensão da educação que busca trabalhar a forma como as pessoas e os coletivos sociais se pronunciam e atuam na relação sociedade e ambiente. São várias as discussões que envolvem a perspectiva pedagógica e epistemológica junto à EA, (SAUVÉ;2005). Neste artigo, dialogaremos com a corrente da Educação Ambiental Crítica, considerada como uma proposta educacional que observa a relação sociedade e ambiente a partir de uma perspectiva histórica e politicamente referendada, para a qual as relações de poder precisam ser analisadas e desnaturalizadas com vistas à processos de transformação e responsabilidade social visando o cuidado com a natureza e seus patrimônios socioambientais.  A EA crítica insiste, essencialmente, na análise das dinâmicas sociais que se encontram na base das realidades e problemáticas ambientais: análise de intenções, de posições, de argumentos, de valores explícitos e implícitos, de decisões e de ações dos diferentes protagonistas de uma situação (SAUVÉ, 2005, pg. 30). Os conflitos socioambientais que emergem na atualidade não podem ser analisados sem que haja uma compreensão do papel dos sujeitos e da sociedade na construção de uma atitude ambientalmente destrutiva e pouco consequente, historicamente construída, com crescentes impactos no mundo atual e suas perspectivas futuras. A educação ambiental tem um desafio importante neste processo de elucidação das condições de vida, consumo e formas de produção, que colocam as temáticas ambientais em local de relevância secundária. Segundo Loureiro (apud GUTIEREZ, 2003), a EA “por sua dinâmica e finalidades, não pode ser concebida de modo linear e, para ser compreendida, as análises, reflexões e práticas não devem estar pautadas em instrumentais metodológicos reducionistas, visto que ferem a inerente complexidade da “questão ambiental”. Assim, na perspectiva Crítica, a Educação Ambiental visa a transformação dessa sociedade mediante os processos de emancipação política e cultural das pessoas e seus coletivos, frente à dinâmica da sociedade capitalista, excludente e socioambientalmente perversa. Trazer a extensão universitária para este debate é o desafio que se busca no trabalho pedagógico cotidiano da EEA. A concepção de EA Crítica (LOUREIRO, 2006, GUIMARÃES, 2004, 2006, CARVALHO, 2004) propõe uma ressignificação da relação sociedade e ambiente e consequente implicações no trabalho com Educação Ambiental. A compreensão da questão ambiental em um processo histórico inserido na sociedade capitalista, pautada pelas relações de desigualdade e injustiça socioambiental, prevê uma atitude crítica e consciente dos sujeitos frente ao constante abuso das relações entre o homem e a natureza. Percebe-se hoje que o conceito de Extensão como “prestação de serviços” por parte da universidade, tem sido já amplamente questionado. Consideramos que este conceito precisa ser mais amplo e diverso, no qual se busca a possibilidade de permutas nas relações entre universidade e sociedade. O papel da Extensão Universitária, é proporcionar o diálogo entre universidade e comunidade a partir de ações socioeducativas visando vencer problemas sociais, com o intuito de socializar e produzir  conhecimentos, de forma que a universidade possa também enriquecer sua visão de sociedade, tendo em vista a troca dialógica de saberes e o amadurecimento epistemológico e intelectual dos envolvidos.

 

Considerações Finais:

Este artigo apresentou de forma breve, o potencial da extensão junto à Educação Ambiental, no processo de formação docente. A justificativa pelo tema adveio da necessidade de ressaltar a relevância da extensão como uma importante dimensão da formação de professores vinculado à Educação Ambiental e seus projetos educacionais. A extensão e seu dinamismo na relação teoria e prática, potencializa o debate socioambiental de caráter interdisciplinar, com dinâmica de interesse acadêmico para a vida em sociedade. Todo este processo de organização pedagógica voltado para a visita das instituições educacionais na EEA foi feito de forma monitorada, colocando em prática as ações já desenvolvidas pelo setor. Para este trabalho, a constatou-se que a Extensão Universitária é um processo contínuo que vai além do conhecimento em sala de aula, levando os discentes ao conhecimento prático e teórico. Além disso, o papel da extensão universitária é expandir o conhecimento a partir de uma metodologia em que todos são desafiados a construir conhecimento ao tempo que ensina e educa. Portanto, as atividades desenvolvidas em ambiente de Extensão Universitária têm o intuito de levar o aluno a vivências, experiências que o ajudarão a desenvolver sua formação acadêmica, além de oferecer o envolvimento prático em sua área de estudo e proporcionar ferramentas para sua atuação docente.

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CARVALHO, I. C. de M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2004.

GUIMARÃES, M. Educação Ambiental Crítica. In: Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília. Ministério do Meio Ambiente. 2004.

LOUREIRO, C. F. B Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2006

LOUREIRO, C. F. Pesquisa-Ação Participante e Educação Ambiental: uma abordagem dialética e emancipatória. In: TOZONI REIS M. de C. (Org) A pesquisa ação participativa em Educação Ambiental – reflexões teóricas. Botucatu, SP. Annablume. 2007, apud GUTIÉRREZ, J. Controvérsias disciplinares e compromissos pendentes na pesquisa contemporânea em Educação Ambiental. Tradução e revisão técnica de M. SATO. Revista de Educação Pública, Cuiabá, v. 12, n. 22, p. 83-105, jul./dez. 2003.

da ADUF/PB, n. 09, pp.13-17, jan-jun, 2003.

SBARDELINI, Henrique B. A Extensão Universitária: Desenvolvimento e Perspectivas. Curitiba: 2005, Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências Humanas, Letras e Artes. Universidade Tuiuti do Paraná, p.6.

SAUVÉ, L. Uma cartografia das correntes em educação ambiental; Sato, Carvalho e cols, p. 17-45. 2005

Downloads

Publicado

2021-11-19