CONDUÇÃO PARA TREINAMENTO EM PRIMEIROS SOCORROS NOS ESPAÇOS ESCOLARES
DOI:
https://doi.org/10.13102/jeuefs.v2i2.6059Resumo
INTRODUÇÃO
Acidente é todo acontecimento fortuito que determina uma lesão reconhecível e constitui, atualmente, importante problema pediátrico e de saúde pública pela sua incidência e repercussões. Os pesquisadores sociais vêm colocando em discussão a "acidentalidade" dessas ocorrências, pois os acidentes não são tão inevitáveis como possam parecer e nem tão acidentais, sendo, portanto, na sua grande maioria, passíveis de serem prevenidos (SOUZA; BARROSO, 1999).
Os acidentes ou lesões não-intencionais representam a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 4,7 mil crianças morrem e 125 mil são hospitalizadas anualmente, configurando-se como uma séria questão de saúde pública.
Primeiros Socorros se referem a intervenções para minimizar riscos ameaçadores da vida, podendo em alguns casos reverter o evento adverso. Visa a prestação de assistência imediata a uma pessoa ferida, até que o socorro especializado (equipe de saúde treinada) esteja no local para prestar uma assistência mais minuciosa, adequada e definitiva (LEITE et al., p. 292, 2018).
Os contextos que podem demandar a necessidade de Primeiros Socorros são diversificados, dentre eles a escola. Os espaços escolares podem promover riscos que contribuem para a probabilidades de acidentes com crianças e adolescentes, “de forma que se encontra associação estatística entre os atendimentos de crianças por quedas nos serviços de emergência e o ambiente escolar, como cenário do agravo.” (LEITE et al., p.292, 2018).
São medidas iniciais e imediatas dispensadas à vítima de qualquer idade, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, treinada ou leiga, para garantir a vida, proporcionar bem-estar e evitar agravamento das lesões existentes. Se os conhecimentos fundamentais sobre Primeiros Socorros fossem mais difundidos entre os profissionais que oferecem educação e conhecimento, muitos indivíduos indefesos poderiam ser salvos e acidentes evitados, pois o saber sobre estas questões sérias é bastante decisivo (CORNACINE et al., 2019).
O objetivo da atividade extensionista é treinar técnicas de procedimentos em Primeiros Socorros com os profissionais de Instituições de Educação Básica para que eles possam agir de forma eficaz ao presenciarem acidentes, assim como prevenir novas situações graves dentro das escolas.
METODOLOGIA
Para a realização dos treinamentos, os orientadores e monitores são previamente habilitados para trabalharem com os profissionais das Instituições, parceiros do Projeto. O treinamento ocorre dentro das escolas, ministrado pelos participantes do Projeto (professores e monitores), em grupos com cerca de 10 participantes. Inicialmente, é feito contato com a escola para obter informações sobre principais acidentes com as crianças no local (de forma que possam ser acrescentadas no planejamento do treinamento), conhecer os espaços físicos e estruturais e para a marcação de datas.
Antes do treinamento são aplicados pré-testes, para avaliar o conhecimento prévio dos participantes. São compostos por questões de múltipla escolha que envolvem temas que serão abordados no decorrer do encontro. Após o pré-teste o conteúdo teórico é ministrado, motivado por situações problemas, com o auxílio de equipamentos multimídia (data show, TV, notebook) e programa Power Point para projetar imagens, textos e vídeos. Também são utilizados bonecos para simular manobras, como a manobra de Heimlich, que podem ser realizadas nas crianças.
O treinamento é dialogado, o conteúdo é apresentado, discutido e correlacionado com o conhecimento prévio dos participantes e com o que acontece na instituição. Em seguida é realizado a prática, na qual são simuladas possíveis situações que podem ocorrer com as crianças e os adolescentes. Inicialmente uma pessoa habilitada demonstra como devem ser realizados os primeiros cuidados, através do uso de manequins, e, posteriormente, os participantes são convidados a treinar.
Encerrados os processos teórico-práticos é realizado um pós-teste, semelhante ao pré-teste, a partir do qual podem ser comparados com os resultados, e são esclarecidas as possíveis dúvidas dos participantes.
Durante a pandemia do COVID-19 os encontros com as Instituições parceiras são realizadas online, via Google MEET. Além disso, são elaborados materiais (vídeos educativos, vídeos animados, banners, guia técnico) com temas relacionados a pandemia como a importância do distanciamento social, sinais e sintomas da doença e descarte e uso correto da máscara.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram desenvolvidas atividades em 3 (três) Instituições, uma Escola da Educação Infantil ao Ensino Fundamental 2, uma Creche (crianças de 04 meses até 04 anos de idade) e um Colégio do Fundamental II ao Ensino Médio.
Dos 124 (cento e vinte e quatro) profissionais que participaram dos treinamentos em primeiros socorros, 41 (quarenta e um) afirmaram ter participado de algum curso com esse tema, 08 (oito) não informaram e 75 (setenta e cinco) nunca tinham participado de treinamento em Primeiros Socorros (gráfico 1).
Leite et al. (2018) avaliando o conhecimento de 52 (cinquenta e dois) educadores de uma Escola Municipal na cidade de São Sebastião – PE em Primeiros Socorros, concluiu que apenas 12% (6) já receberam treinamento em Primeiros Socorros, enquanto 88% (46) nunca receberam nenhum tipo de capacitação ou treinamento em primeiros socorros.
Calandrim et al. (2017) também avaliando o conhecimento em Primeiros Socorros de funcionários e professores em uma escola do interior do Estado de São Paulo concluiu que, dos 35 (trinta e cinco) participantes, 42,8% (15) já tinham recebido algum treinamento e 57,2% (20) não tinham recebido nenhuma formação sobre o tema.
Gonçalves Brito et al. (2020) afirma que a falta de conhecimento sobre o primeiro atendimento pode gerar inúmeros problemas, como a omissão de socorro e a manipulação incorreta da vítima, acarretando em agravo da situação ou solicitação desnecessária do serviço de emergência. Tais situações poderiam ser evitadas se estes fossem providos de habilidades em Noções Básicas de Primeiros Socorros.
CONCLUSÃO
Diante dos casos de acidentes que ocorrem com crianças nas escolas do Brasil e do despreparo dos funcionários para intervir nessas situações, faz-se necessário treinar esses profissionais para que possam agir de forma efetiva nas situações que exigem Primeiros Socorros, como também atuar na prevenção.
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Referências
SOUZA, L. J. E. X. DE; BARROSO, M. G. T. Revisão bibliográfica sobre acidentes com crianças. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 33, n. 2, p. 107–112, 1999.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Política nacional de redução da morbimortalidade por acidentes e violências. 2a ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005.
LEITE, H.S.N. et al. Primeiros socorros na escola: conhecimento da equipe que compõe a gestão educacional. Temas em Saúde: Edição Especial da FIP, p.290-312, 2018.
CORNACINE, A. C. et al. Atendimento emergencial: a importância de treinamento tanto aos profissionais de saúde quanto a população. Revista Saúde em Foco, n. 11, p. 840–852, 2019.
CALANDRIM, L. F. et al. Primeiros socorros na escola: treinamento de professores e
funcionários. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, v. 18, n. 3, p. 292, 2017.
GONÇALVES BRITO, J. et al. Efeito de capacitação sobre primeiros socorros em acidentes para equipes de escolas de ensino especializado. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 2, p. 1–7, 2020.
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