AÇÕES DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA PREVENÇÃO DO PARTO PREMATURO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.13102/jeuefs.v2i2.6119

Resumo

Introdução

A assistência pré-natal é o primeiro passo para um parto e nascimento saudáveis, e é responsável pela promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao longo do ciclo gravídico-puerperal (BRASIL, 2013).  Um dos principais objetivos do pré-natal é acolher a mulher desde o início da sua gravidez, período com mudanças físicas e emocionais, para prestar assistência em suas necessidades biopsicossociais e espirituais quando possível (DIAS, 2014).

Nessa perspectiva, a assistência pré-natal pode ser considerada importante indicador de prognóstico ao nascimento, e os cuidados assistenciais no primeiro trimestre são considerados indicadores da qualidade dos cuidados maternos e fetais (MEDEIROS et al., 2018). Entretanto, a não realização ou a inadequação desta assistência tem sido atrelada a maiores índices de intercorrências gestacionais, a exemplo da prematuridade (NUNES et al., 2016).

O Parto Prematuro (PP) é definido como a ocorrência do nascimento no período anterior a 37ª semana de gestação, e representa um dos maiores desafios da obstetrícia, sendo a maior causa de morbimortalidade neonatal (POHLMANN et al., 2016). Anualmente, 3,6 milhões de óbitos no mundo ocorrem no período neonatal, e as complicações do nascimento prematuro são consideradas causas diretas para aproximadamente 29% dessas mortes (GONZAGA et al., 2016). Conclui-se então, que o parto prematuro é, no Brasil e no mundo, um problema de saúde pública, que gera impactos sociais.

A identificação precoce dos fatores de risco gestacionais por meio de uma assistência pré-natal humanizada e efetiva são estratégias importantes para a redução da incidência da prematuridade. Neste contexto, as ações extensionistas possibilitam identificar precocemente estes fatores, com o intuito de promover saúde e prevenir agravos com a realização do exame físico e gineco-obstétrico, ações de educação em saúde, e Visita Domiciliar (VD). 

Na perspectiva de detecção e redução dos riscos associados à gestação e a prematuridade, e ao considerar importante o papel do pré-natal na prevenção do parto prematuro, este relato objetiva descrever a experiência de ações extensionistas de promoção à saúde na assistência em pré-natal, a fim de intervir positivamente na redução da incidência de partos prematuros.

 

Material e Métodos

Relato de experiência com abordagem qualitativa descritiva, que tem por finalidade, descrever as ações de extensão universitária na assistência pré-natal. As atividades foram desenvolvidas com 70 mulheres em qualquer período gestacional, cadastradas e atendidas em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), na cidade Feira de Santana – Bahia - Brasil, entre julho de 2019 a agosto de 2020. É resultado das atividades do plano de trabalho de extensão intitulado: “A importância do pré-natal na prevenção do parto prematuro”. O acompanhamento clínico pré-natal era realizado semanalmente por discentes e docente da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), integrantes do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde da Mulher (NEPEM). No período da pandemia causada pelo novo Coronavírus, desenvolvemos o atendimento por meio da teleorientação, agregado ao projeto voluntário Fale com a Parteira Feira de Santana.

 

Resultados e Discussão

As ações de extensão foram desenvolvidas a partir de estratégias de promoção da saúde e prevenção de agravos, o que possibilitou implantar no processo do gestar, ações ancoradas em evidências científicas na área da saúde e no conhecimento popular, a fim de beneficiar a comunidade atendida pelo projeto. Nessa perspectiva, tais ações incluíram gestantes entre 17 e 40 anos, residentes da zona urbana, cadastradas na região da microárea de abrangência da UBS. A identificação precoce de fatores de risco nessas mulheres foi realizada por meio da consulta clínico-gineco-obstétrica.

Dentre as condutas adotadas nas consultas, a anamnese qualificada com uma escuta atentiva se mostrou fundamental, e foi uma estratégia importante no estabelecimento do vínculo de confiança com as gestantes e seus acompanhantes. A execução do exame físico completo que incluiu a aferição do peso, altura, e pressão arterial, inspeção minuciosa, e a avaliação das mucosas e das mamas, se mostraram efetivos.

Além disso, a realização do exame obstétrico com as Manobras de Leopold, ausculta dos Batimentos Cardiofetais (BCF’s), o exame da genitália externa com a atenção para presença de secreções, pesquisa de edema, solicitação e avaliação de exames laboratoriais e de imagem, foram favoráveis e imprescindíveis na identificação precoce dos fatores de risco relacionados ao parto prematuro.

Durante as ações de extensão, foi possível realizar atividades de educação em saúde para o esclarecimento de dúvidas a cerca do ciclo gravídico-puerperal, de acordo com a realidade e individualidade de cada gestante. Não obstante, visando acrescer o valor das ações extensionistas de educação em saúde, a VD apresentou-se como uma ferramenta assistencial que possibilitou a troca de conhecimento, e permitiu identificar fatores externos que possam interferir na gestação.

As ações de extensão permitiram identificar diversos fatores de risco relacionados ao parto prematuro como, a idade (gestantes abaixo de 20 anos e acima dos 40), o tabagismo, transtornos psicológicos (estresse e ansiedade), Síndrome Hipertensiva Gestacional (SHG), Infecção do Trato Urinário (ITU), Infecção Sexualmente Transmissível (IST) a exemplo da Sífilis, anemia ferropriva, e diabetes gestacional, e desta forma, realizar as intervenções e os encaminhamentos necessários.

Ademais, houve o retorno positivo da população atendida em vista do aumento da adesão ao pré-natal, e crescimento da regularidade nas consultas. Inclusive, as ações de extensão impactaram na formação acadêmica dos estudantes, pois favoreceu o aperfeiçoamento da postura humanizada e profissional nas consultas de pré-natal, promoveu o aprimoramento de estratégias de identificação dos fatores de risco que possam culminar num parto prematuro, e oportunizou compreender e vivenciar o funcionamento de uma UBS e sua importância no SUS (Sistema Único de Saúde).

 

Considerações Finais

O Parto Prematuro é um problema de saúde pública e de grande impacto social. Por isso, medidas como o acolhimento, a atenção integral, e o atendimento humanizado na assistência pré-natal, contribuem para a ampliação do acesso aos serviços de saúde e adequação da assistência.

Ao considerar a extensão universitária um meio de interlocução entre a universidade e a sociedade que contribui para o enfrentamento de problemas na comunidade local, as ações extensionistas na assistência pré-natal mostraram-se de grande importância, de modo a aumentar significativamente a possibilidade de ter uma gestação isenta de intercorrências, como a prematuridade.

Portanto, referendamos as atividades de extensão como uma estratégia de qualificação dos estudantes, pautada no cotidiano da profissão, que possibilita ofertar para a comunidade, a exemplo de gestantes, uma assistência qualificada, que reflete na detecção precoce dos fatores de risco associados ao parto prematuro, e consequentemente na diminuição da incidência desse agravo.

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Biografia do Autor

Elizia Raiane Oliveira Fernandes, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana, com ênfase em Enfermagem na Saúde da Mulher na Assistência Pré-Natal. Tendo como plano projeto: "A importância do Pré-Natal na prevenção de partos prematuros", vinculado ao Projeto Implantação do serviço de pré-natal de baixo risco: Humanizando à mulher no ciclo gravídico-puerperal do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde da Mulher (NEPEM). Este projeto tem como objetivo, identificar os fatores de risco associados à prematuridade e orientar quanto ao hábitos de vida das mulheres durante a gestação, visando desenvolver estratégias de promoção à saúde dentro da assistência em pré-natal para intervir positivamente na incidência de partos prematuros.

Sthefane Nogueira de Azevêdo, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana, com ênfase em Enfermagem na Saúde da Mulher na Assistência Pré-Natal.

Maria Helena Assis Oliveira Melo, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana, com ênfase em Enfermagem na Saúde da Mulher na Assistência Pré-Natal.

Rita de Cássia Rocha Moreira, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Estadual de Feira de Santana (1986) Doutorado (2013) e Mestrado em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (2005). Especialista em Cuidado Pré-Natal pela UNIFESP. Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela UFPB, Especialista em Gerência de Unidade Básica de Saúde (UEFS). Professora Adjunto do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Ex-Membro do Núcleo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva (NUPISC/UEFS). Ex-Coordenadora e integrante fundadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde da Mulher (NEPEM/UEFS). Atualmente docente permanente do Mestrado Profissional em Enfermagem (MPE/ UEFS). Pesquisadora na área de Enfermagem, com ênfase em Saúde da Mulher, na construção de conhecimento com os seguintes temas: fenomenologia, enfermagem, mulher, saúde da mulher, câncer cérvico uterino, pré-natal e obstetrícia. Integrante da Equipe Editorial da Revista de Enfermagem - UFPE- On line

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. – 1ª edição revista – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013.

DIAS, R. A. A importância do pré-natal na atenção básica. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, Teófilo Otoni, 2014.

GONZAGA, I. C. A. et al. Atenção pré-natal e fatores de risco associados à prematuridade e baixo peso ao nascer em capital do nordeste brasileiro. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 6, p. 1965-1974, 2016.

MEDEIROS, F. et al. Acompanhamento pré-natal da gestação de alto risco no serviço público. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 72, n. 3, p. 213-220, 2019.

NUNES, J. et al. Qualidade da assistência pré-natal no Brasil: revisão de artigos publicados de 2005 a 2015. Cadernos Saúde Coletiva, v. 24, n. 2, p. 252-261, 2016.

POHLMANN, F. et al. Parto prematuro: abordagens presentes na produção científica nacional e internacional. Revista Enfermería Global, v. 15, n. 42, p. 399-409, 2016.

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Publicado

2021-11-19