ENSINO-APRENDIZAGEM DE PLE NA EXTENSÃO DA UEFS*
DOI:
https://doi.org/10.13102/jeuefs.v2i2.6122Resumo
Introdução
O objetivo geral do trabalho foi o de propiciar a aprendizagem de Português para a comunidade estrangeira em Feira de Santana e região, e para participantes do Programa Estudante-Convênio de Graduação (PEC-G). As mudanças bruscas exigidas pela pandemia nos impôs redefinir alguns objetivos e incluir o desenvolvimento da competência digital dos participantes dos cursos, para atender às novas necessidades advindas do fazer pedagógico remoto deste período pandêmico. Foi também escopo deste plano de trabalho desenvolver a competência profissional do docente em formação mediante ação do bolsista nos cursos de português como língua estrangeira (PLE) da extensão da UEFS. Dentre os objetivos específicos destacam-se, por sua vez, propiciar espaços de ensino-aprendizagem de línguas para a inclusão social de forma cooperativa e colaborativa, desenvolver a competência comunicativa em língua portuguesa daqueles que aqui estão e precisam interagir, conviver e viver em nossa sociedade. Nesse contexto, salientamos como público participante estudantes de Gana, Guiné Equatorial, Haiti, Venezuela, Colômbia, Equador, Gabão, Peru, Argentina. A turma onde o trabalho foi executado iniciou com 21 alunos.
Os cursos de PLE constituem uma demanda institucional que atende ao processo de ampliação do alcance da UEFS no cenário internacional. A graduação, a pesquisa, e a pós-graduação entraram no contexto da internacionalização e a língua portuguesa passou a exercer na universidade um papel de viabilizadora do estabelecimento de relações entre as comunidades diversas que circulam no espaço da instituição, entre refugiados e seu reencontro com o exercício da cidadania, justiça social, direito ao trabalho, à saúde, educação, moradia e vivências interculturais.
O desejo de desenvolver um plano de trabalho nesse contexto se deu pela importante possibilidade de participação em uma ação extensionista cuja função é, sobretudo, a prática da justiça social. Por outro lado, acreditamos que agir e interagir com tantas culturas diversas nos proporciona intercâmbios interculturais de uma riqueza pessoal e profissional incomensurável.
Referenciais Teóricos
Para o desenvolvimento deste plano de trabalho foi necessário revisitarmos conceitos importantes para o delineamento de uma ação extensionista. Assim, em primeiro lugar, foi fundamental conceber a extensão como uma ação educativa, histórica, científica e cultural com enorme potencial de integrar universidade e comunidade para juntas produzirem conhecimentos e provocarem transformação e justiça social (FORPROEX, 2012, p. 10). Em segundo lugar, entender a Língua como um construto social e por isso indissociável de processos históricos, como a colonização, políticos, econômicos, culturais, científico-tecnológicos (Makoni e Meinhof, 2006). Em terceiro lugar, compreender a finalidade de aprender línguas como um processo complexo que envolve o exercício da cidadania ensino-aprendizagem (Rajagopalan, 2003) e a prática da justiça social (Mendes, 2020). Em quarto lugar, entendemos que o ensino-aprendizagem baseado em competências promove o desenvolvimento holístico de quem se propõe a ensinar e aprender uma língua (Villa & Poblete, 2010). Em quinto lugar, assumimos que pelo trabalho cooperativo e colaborativo (Johnson, Johnson & Smith, 2006; Torrego & Negro, 2012) chegamos mais facilmente ao exercício da solidariedade tão necessária para a aprendizagem de línguas e para uma vivência intercultural; Por último, e relacionada com nosso redimensionamento das ações por causa da pandemia, está a concepção de competência digital (Ferrari, 2012) entendida como necessária para o desenvolvimento das ações do curso e para a construção e desenvolvimento de práticas pedagógicas.
Material e Métodos
Para oportunizar a aprendizagem de Português como Língua Estrangeira, dividimos o curso em em 3 fases: 1ª fase - formação do usuário básico da língua; 2ª fase - preparatório para o Celpe-Bras; e 3ª fase - letramento acadêmico - autoavaliação e avaliação do curso, bem como do material didático.
Nessa perspectiva, a metodologia aplicada considera atividades simultâneas e dependentes, sem uma ordem de execução fixa. Iniciou-se o processo de formação geral da professora bolsista em contexto presencial, com a semana de formação do programa e encontros administrativos e pedagógicos que ocorrem semanalmente e que, posteriormente, foram transferidos para o ambiente virtual. Soma-se a isso o atendimento individual para apresentar e discutir questões específicas presentes no desenvolvimento do trabalho, constantes planejamentos, a preparação e ministração de aulas, a elaboração e revisão de material didático de acordo com os temas a serem discutidos nas aulas do curso, fechamento de cadernetas e resolução de pendências, elaboração de certificados, atendimento individual aos alunos.
Percebeu-se a necessidade de incluir um período de experimentação de plataformas digitais e avaliação de sua eficácia para o ensino-aprendizagem de línguas e inclusão de Grupos de Trabalho, que proporcionaram uma rede de pesquisa - dentro do programa - das práticas desenvolvidas na sala de aula e apresentações em eventos on-line.
Resultados e Discussão
As leituras e discussões dos conceitos elementares e a prática no processo de ensino-aprendizagem desencadearam um ganho incomensurável à formação docente.
A mudança abrupta para o ambiente virtual incitou a inovação em recursos/materiais digitais para elaboração da aula, bem como para sua execução; elaboração e edição de materiais didáticos físicos e digitais; movimentação dos alunos, em Língua Portuguesa, de espaços digitais; pesquisas; apresentação de trabalhos em eventos científicos; elaboração de artigos para publicação em periódicos e anais de eventos.
Além disso, o trabalho desencadeou engajamento não só de pessoas estudantes, contribuindo formativamente para o desenvolvimento das aulas, mas também das pessoas colegas de programa, contribuindo formativamente para o desenvolvimento do plano, no que diz respeito à cooperação e colaboração nos processos formativos, compartilhando práticas e questionamentos elementares para o aperfeiçoamento do fazer pedagógico inovador, crítico e reflexivo (principalmente na mudança abrupta do espaço presencial para o virtual).
Considerações Finais
Uma pesquisa intitulada ``Processos formativos de ensino-aprendizagem de línguas que se desencadeiam ao longo da Pandemia'' demonstra resultados relevantes como avaliação do Ensino-Aprendizagem de PLE do NucLi-IsF/UEFS. O trabalho cooperativo e colaborativo desenvolvido no programa foi exitoso e, sem dúvidas, criou meios de propiciar um ensino-aprendizagem de PLE mais eficaz para todos os agentes - professores e estudantes - , mesmo considerando os efeitos negativos da pandemia. Na verdade, as circunstâncias em que nos encontramos nos encorajou a enfrentar um dos problemas surgidos no decorrer do curso, que foi o baixo nível de desenvolvimento da competência digital dos participantes, oportunizando um crescimento pessoal e profissional. Passamos a incluir nos cursos de PLE conteúdos importantes para o desenvolvimento da competência digital. Sem essa ação importante nossos resultados ficariam comprometidos.
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Referências
FERRARI, A. Digital Competence in Practice: An Analysis of Frameworks. Luxembourg: Publications Office of the European Union, 2012.
Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras - FORPROEX. POLÍTICA NACIONAL DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA. Manaus, maio de 2012. Disponível em: . Acesso em 16 set. 2020.
JOHNSON, D. W.; JOHNSON, R.; SMITH, K. Active learning: Cooperation in the university classroom. Edina, MN: Interaction Book Company, 2006.
MAKONI, Sinfree; MEINHOF, Ulrike. Linguística aplicada na África: desconstruindo a noção de língua. In: MOITA LOPES, Luiz Paulo. Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Editora, 2006.
RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e questão ética. São Paulo:
Parábola Editorial, 2003.
VILLA, A.; POBLETE, M. (Dir.) Aprendizaje basado en competencias: una propuesta para la evaluación de las competencias genéricas. Bilbao: Universidad de Deusto, 2010.
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