“Olhos sem solução e um corpo de mulher”: a subversão falhada em Os Armários Vazios, de Maria Judite de Carvalho
DOI:
https://doi.org/10.13102/lm.v15i1.11222Resumo
A inscrição da corporalidade nos textos literários poderá ser perspetivada enquanto veículo de expressão de transformações ideológicas, sociais e históricas. Com essa premissa em mente e considerando os conceitos teóricos de Francis Berthelot (1997) acerca da corporalidade das figuras ficcionais e das suas interações na história e a nível do discurso, debruçar-nos-emos sobre Os Armários Vazios, obra publicada em Portugal durante o período ditatorial do Estado Novo. Analisaremos a intuída relevância da corporalidade nesta obra de Maria Judite de Carvalho, conscientes das restrições e imposições sofridas pelo sexo feminino à época. Pretendemos, especificamente, esclarecer o modo como o corpo da protagonista de Os Armários Vazios parece impregnar-se na história e no discurso, assim revelando o papel essencial que os elementos orgânicos parecem deter na determinação do seu programa narrativo. Para tal, notaremos igualmente a persistência destes elementos para a sua construção identitária. Assinalaremos também as marcas do protagonismo da corporalidade na composição e na expressão de outras personagens desta narrativa. Sobretudo, consideraremos como o corpo da personagem, inevitavelmente moldado pela vivência da opressão patriarcal, parece afigurar-se enquanto meio primordial da sua subversão feminina. E, em consonância, como também através do corpo se expressa o fracasso dessa tentativa de libertação.
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