“COM LICENÇA POÉTICA”:
ENTRE REINOS E LINHAGENS A AUTORIA FEMININA NA LITERATURA BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.13102/lm.v14i1.8182Resumo
Este trabalho propõe a leitura comparativa entre as poesias de Adélia Prado, Ana Cristina César e Hilda Hilst, destacando como as escritoras dialogam com a tradição literária brasileira, especificamente, o legado poético de Carlos Drummond de Andrade. Conforme a constatação provocadora da poeta mineira — “Todos fazem um poema a Carlos Drummond de Andrade” (PRADO, 2014, p. 56) — explicita-se a primazia da poética drummondiana na literatura brasileira do século XX, fundando, com sua inquietude gauche, uma forte marca temática e estilística. Ressaltamos, na análise do corpus, os significados atribuídos, pela escrita feminina, à poética pétrea drummondiana, com o auxílio da clave interpretativa de Gaston Bachelard (2008), cujos estudos abordam os arquétipos sublimados nas imagens literárias da terra. Dentre as imagens psíquicas abordadas por Bachelard, voltamo-nos para os valores carreados pela representação da pedra no imaginário literário. Para o percurso de leitura desenvolvido são utilizados, ademais, os estudos de Antonio Candido (2011), Maria Lúcia de Barros Camargo (1990), Marlene de Castro Correia (2012), Nelly Novaes Coelho (1999) e Paulo Franchetti (2007). Desse modo, selecionamos um corpus poético em que a incontornável pedra drummondiana é ressignificada pelas escritoras que, tensionando com a máquina poética do poeta itabirano e se utilizando de distintas estratégias, desde a emulação, o pastiche até a paródia, buscam instaurar suas vozes autorais, contemplando as questões do feminino e da própria criação artística na literatura brasileira.
Palavras-chave: Autoria feminina; Pedra; Poética; Intertextualidade.
Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2007. Tradução: Henrique Burigo.
AGAMBEN, Giorgio. O cinema de Guy Debord. In: Territórios da Filosofia. 2014. Disponível em: https://territoriosdefilosofia.wordpress.com/2014/05/26/o-cinema-de-guydebord-giorgio-agamben/. Acesso em: 10 dez. 2020.
AGAMBEN, Giorgio. O fim do poema. Tradução Sérgio Alcides. Cacto, São Paulo, n. 1, p. 142-149. 2002.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Magia e técnica, arte e política. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 165-196. [Obras escolhidas, vol. 1]
DICK, Philip K. Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas? Tradução de Ronaldo Bressane. São Paulo: Aleph, 2014
FRIEDRICH, Hugo. A estrutura da lírica moderna: da metade do século XIX a meados do século XX. Tradução de Marise M. Curioni. São Paulo: Duas cidades, 1978.
GARCIA, Adriane (org.). Contemporâneas: antologia poética. [s. l.]: Vida Secreta Publicações, 2016. E-book. Disponível em: https://pt.calameo.com/read/004977080d2d8241f2523. Acesso em: 24 ago. 2020.
GARRAMUÑO, Florencia. Formas de impertinência. In: KIFFER, Ana; GARRAMUÑO, Florencia. Expansões Contemporâneas: literatura e outras formas. Belo Horizonte: UFMG, 2014b. p. 91-108.
GARRAMUÑO, Florencia. Frutos Estranhos: sobre a inespecificidade na estética contemporânea. Rio de Janeiro: Rocco, 2014a.
JACOB, Pablo. Sheila, com o sangue do filho no rosto. 2016. 1 fotografia. Disponível em: https://ogimg.infoglobo.com.br/rio/19482581-ad7- 700/FT1086A/652/201606101720178422.jpg. Acesso: 24 ago. 2020
JORNAL EXTRA ONLINE. Comentários de internautas na reportagem: ‘Destruiu minha vida’, diz mãe que passou sangue do filho morto no rosto. Rio de Janeiro, Extra Online, 13 jun. 2016. Disponível em: https://extra.globo.com/casos-de-policia/destruiu-minha-vida-dizmae-que-passou-sangue-do-filho-morto-no-rosto-19494521.html. Acesso: 29 jul. 2020.
KIFFER, Ana. A escrita e o fora de si. In: KIFFER, Ana; GARRAMUÑO, Florencia. Expansões Contemporâneas: literatura e outras formas. Belo Horizonte: UFMG, 2014, p. 47-68.
KLIEN, Julia. Na poesia. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Explosão Feminista: arte, cultura, política e universidade. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2018, p. 105-137.
KRAUSS, Rosalind.[1979] A escultura no campo ampliado. In: Gávea: Revista semestral do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil. Tradução de Elizabeth Carbone Baez. Rio de Janeiro: PUC – RJ, n. 1, p. 87-93, 1984.
LEONE, Luciana di. Poesia e escolhas afetivas: edição e escrita na poesia contemporânea. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.
LUDMER, Josefina. Literaturas pós-autônomas. Tradução Flávia Cera. Sopro, n.20, p.1-3, janeiro 2010. Disponível em: http://www.culturaebarbarie.org/sopro/n20.pdf. Acesso em 27 jul. 2020.
MAGRITTE, René. A traição das imagens. (1928-1929). Disponível em: https://www.embalagemmarca.com.br/wp-content/uploads/2016/10/magritte-1024x640.jpg. Acesso em: 24 ago. 2020.
PUCHEU, Alberto. Apoesia contemporânea. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2014.
SCRAMIM, Susana. A poesia Mulher. Revista Cult, 2016. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/a-poesia-mulher/. Acesso em: 14 abr. 2020.
SISCAR, Marcos. Entrevista concedida a SILVEIRA, Gustavo; VERAS, Eduardo Horta Nassif; PINHEIRO, Tiago Guilherme. A responsabilidade e as respostas da poesia: uma conversa com Marcos Siscar. O Eixo e A Roda: Revista de Literatura Brasileira, [S.L.], v. 26, n. 3, p. 259-277, 7 nov. 2017. Faculdade de Letras da UFMG. http://dx.doi.org/10.17851/2358- 9787.26.3.259-277
SISCAR, Marcos. Figuras de prosa: a ideia de prosa como questão de poesia. In: De volta ao fim: o “fim das vanguardas" como questão da poesia contemporânea. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. p. 159- 173.
SOUZA, Assionara. Cecília não é um cachimbo. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.
SOUZA, Assionara. Sonha Hito Steyerl com ovelhas eletrônicas? ou Isto não é um poema. 2016. In: Cecília não é um cachimbo. Disponível em: http://cecinest.blogspot.com/2016/06/sonha-hito-steyerl-com-ovelhas.html. Acesso em: 07 ago. 2020.
STEYERL, Hito. O spam da terra: distanciamento da representação. Revista Zum, 2019. Disponível em: https://revistazum.com.br/revista-zum-16/o-spam-da-terra/. Acesso em: 04 ago. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.