CRENÇA, AÇÃO INTENCIONAL E ANIMAIS NÃO-HUMANOS
DOI:
https://doi.org/10.13102/ideac.v1i45.7484Resumo
Este artigo visa realizar uma análise crítica da posição que será chamada de rejeitacionista cuja tese principal consiste em negar a atribuição de crenças e racionalidade a animais não-humanos. Em oposição à tese rejeitacionista, será proposta a abordagem minimalista da crença segundo a qual a crença é um estado representacional básico, e não proposicional. Duas teorias apresentadas neste artigo compõem a posição rejeitacionista. A teoria proposta por Davidson (2001, 2004) segundo a qual há uma relação intrínseca entre crença, conceitos e linguagem, e a teoria de Stich (1979) segundo a qual os animais não-humanos não possuem crença porque as suas entidades mentais não podem ser traduzidas ao nosso repertório conceitual compartilhado. Este modelo proposicional da crença será criticado a partir da tese proposta por Dretske (1983) que argumenta que a capacidade discriminatória é suficiente para a posse de conceitos e de crenças, assim como a tese de Carruthers (2009) segundo a qual a satisfação da versão fraca da generalidade garante a posse de conceitos. Em seguida, o argumento da abordagem minimalista da crença será estendido para o campo da ação intencional e da racionalidade prática. Argumentarei que os animais não-humanos são agentes intencionais e racionais que possuem racionalidade mínima.
Downloads
Referências
ANDREWS, Kristin, "Animal Cognition", The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Summer 2016Edition), Edward N. Zalta (ed.),URL = https://plato.stanford.edu/archives/sum2016/entries/cognition-animal/
BERMÚDEZ, J. (2003a). Thinking Without Words. Cambridge MA, MIT Press.
CARRUTHERS, P. 2009. Invertebrate concepts confront the generality constraint (and win). In The philosophy of animal minds, ed. R. Lurz, 89–107. Cambridge: Cambridge University Press.
DAVIDSON, Donald, 2001a, Essays on Actions and Events, Oxford: Oxford University Press.
−−−2001b, Inquiries into Truth and Interpretation, Oxford: Clarendon Press, 2nd edn.
−−−2001c, Subjective, Intersubjective, Objective, Oxford: Clarendon Press.
DENNETT, D. (1995). “Do Animals Have Beliefs?” In H. Roitblat & J. Meyer (eds.), Comparative Approaches to Cognitive Science: MIT Press. 111–118.
DRETSKE, F. (1983). The Epistemology of Belief. Synthese. Vol. 55, No. 1, Justification and Empirical Knowledge, Parts I and II (Apr., 1983), pp. 3-19.
−−−− (1988). Explaining Behavior: Reasons in a World of Causes. Cambridge: MIT Press.
–––. (2006). “Minimal Rationality.” In S. Hurley & M. Nudds (eds.), Rational Animals? pp. 107–116. Oxford: Oxford University Press.
EVANS, G., 1982. The Varieties of Reference, Oxford: Oxford University Press.
GILBERT, Margaret. 2013. Joint Commitment. How We Make the Social World. Oxford: Oxford University Press.
HURLEY, S.L (2003a), “Animal Action in the Space of Reasons”, Mind and Language, 18:231-256
‒‒‒‒‒, (2006). Making sense of animals. In S. Hurley & M. Nudds (Eds.), Rational animals? (pp. 139-171). New York, NY, US: Oxford University Press.
LURZ, R. (2009). The Philosophy of Animal Minds. New York: Cambridge University Press.
NEWEN, Albert; STARZARK, Tobias. (2019). How to Ascribe Beliefs to Animals. Mind & Language, 2020: 1-19.
STICH, Stephen P. (1979). Do animals Have Belief? Australasian Journal of Philosophy 57 (1):15-28 (1979)