O ofidiário e as jararacas: acontecimento midiático, discurso político e deslizamento de sentido

Autores

  • Adelino Pereira dos Santos UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DOI:

https://doi.org/10.13102/cl.v16i1.1406

Resumo

Neste texto, analisamos o termo jararaca e as imagens presentes na capa e na reportagem principal da revista Veja, de 16 de março de 2016, a partir da reflexão sobre acontecimento midiático, discurso político e deslizamento de sentido, tendo como suporte teórico e metodológico a Análise de Discurso de linha francesa. Iniciamos o ensaio com a descrição de um enunciado que foi pronunciado pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, no contexto da Operação Lava Jato, para discutir sobre o embate político, jurídico e midiático que tencionou o Brasil no mês de março de 2016. O que estamos chamando, neste ensaio, de deslizamento de sentido refere-se ao fato de o termo jararaca ser reenunciado e provocar efeitos de sentido contrários ao pretendido pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, retomado em palavras equivalentes ou por outras semioses, sob a égide de outra formação discursiva. Esse processo discursivo demarca bem a luta política que se estabeleceu no país no primeiro semestre de 2016, retomado neste texto pela metáfora do jogo de futebol, conforme pensada por Pêcheux (2002). Courtine (2006, p. 82) destaca o papel da memória no jogo de operações  que torna possível a constituição e a dispersão do discurso político: “se o interdiscurso, portanto, organiza a recorrência e o reagrupamento de formulações, igualmente intervém como uma cavidade, ruptura ou deslocamento”. Ainda, continua ele (idem), a memória se faz também de esquecimentos porque o interdiscurso “é o produtor do esquecimento dos enunciados. Memória e esquecimento não podem ser dissociados no modo de enunciação do discurso político”.

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Biografia do Autor

Adelino Pereira dos Santos, UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Professor adjunto da Universidade do Estado da Bahia. Doutor em Letras pela Universidade Federal da Bahia (2010), mestre em Letras e Linguística pela UFBA (2007), especialista em Estudos Linguísticos: Leitura e Produção de Textos (UNEB, 2001), possui graduação em Letras com Inglês pela UNEB (1998). Professor do Mestrado Profissional em Letras - PROFLETRAS - no Departamento de Ciências Humanas do Campus V da UNEB. Realizou Estágio de Pós-doutorado em Letras na Universidade Federal de Pernambuco, de março de 2016 a fevereiro de 2017.Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Análise de Discurso, Pesquisa e Prática Pedagógica de Língua Portuguesa/Língua Inglesa, atuando principalmente nos seguintes temas: leitura e produção de textos, gêneros discursivos, análise de discurso e projetos pedagógicos.

Referências

COURTINE, Jean-Jacques. Metamorfoses do discurso político: derivas da fala pública. Trad. Nilton Milanez, Carlos Piovezani Filho. São Carlos: Claraluz, 2006.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso em análise: sujeito, sentido, ideologia. Campinas: Pontes, 2014.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Trad. Eni Puccinelli Orlandi. 3. ed. Campinas: Pontes, 2002.

PEREIRA, D. A serpente acuada. Veja, São Paulo, edição 2469, ano 49, nº 11, p. 38-41, 16 de março de 2016.

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Publicado

2017-02-13

Como Citar

dos Santos, A. P. (2017). O ofidiário e as jararacas: acontecimento midiático, discurso político e deslizamento de sentido. A Cor Das Letras, 16(1), 103–111. https://doi.org/10.13102/cl.v16i1.1406