VIOLÊNCIA, FOME E SONHO: AS ESTÉTICAS DO SUBDESENVOLVIMENTO NO DISCURSO DE GLAUBER ROCHA

Autores

  • Paula Regina Siega Universidade de Veneza

DOI:

https://doi.org/10.13102/cl.v11i1.1504

Resumo

Recuperando o texto Cinema Novo e Cinema Mundial, matriz do célebre Uma estética da fome, analisamos a perspectiva anticolonial de Glauber Rocha na tese que defendeu na cidade de Gênova, em 1965, e que ficou conhecida na Europa como A estética da violência. Com uma fala cortante e provocadora, Glauber Rocha denunciava, de um lado, o desejo de primitivismo do observador europeu e, do outro, o comodismo do público brasileiro, vendo em ambos a perpetuação de uma mentalidade tipicamente colonial. Ao superar o tradicional complexo de inferioridade do intelectual brasileiro frente à arte e ao pensamento europeus, o cineasta via na estética da violên-cia a possibilidade de uma revolução cultural do terceiro mundo. Receptor das escritas de Friedrich Nietzsche, Frantz Fanon e Josué de Castro, propunha um novo ponto de vista a partir do qual interpretar as criações artísticas do subdesenvolvimento, dissociando-o das suas habituais conotações melodra-máticas para revelar a sua condição trágica.

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Publicado

2017-02-26

Como Citar

Siega, P. R. (2017). VIOLÊNCIA, FOME E SONHO: AS ESTÉTICAS DO SUBDESENVOLVIMENTO NO DISCURSO DE GLAUBER ROCHA. A Cor Das Letras, 11(1), 83–100. https://doi.org/10.13102/cl.v11i1.1504