A simbologia do animal na construção da personagem: o real e o irreal no conto “Tigrela” de Lygia Fagundes Telles
DOI:
https://doi.org/10.13102/cl.v18i1.1621Resumo
No discurso mimético de Lygia Fagundes Telles, eventos aparentemente verossímeis cedem lugar à imaginação, imprimindo uma atmosfera de confronto entre o estranho e o familiar, o real e o irreal. No conto “Tigrela”, integrante da obra Mistérios (1981), a personagem feminina é delineada com traços que confundem sua identidade. Trata-se da história de Romana e seu animal de estimação, Tigrela, uma fêmea de tigre com quem a mulher partilha o luxo e o conforto de um apartamento, adaptado para tal convivência. Na trama, a mulher ora vela ora revela seus traços animalescos ao mesmo tempo em que acentua atributos humanos na representação do animal. A caracterização dessa relação binária constitui terreno fértil para uma reflexão sobre os limites entre homem e bicho. Sob tal enfoque, faremos uma leitura da narrativa à luz dos conceitos de fantástico formulados por Roger Bozzetto (2001), Irène Bessière (2005), David Roas (2001, 2011, 2014), Julio Cortázar (1993), dentre outras referências da Teoria da Literatura.
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