Bolaño, o investigador da vida e dos versos pelas trilhas do valor e do medo
DOI:
https://doi.org/10.13102/cl.v18i1.1660Resumo
A leitura do romance Los detectives salvajes do escritor chileno Roberto Bolaño nos coloca diante de uma narrativa inquietante, pautada no jogo sinuoso entre ficção e realidade, de modo que as ambições e experiências do escritor, enquanto "homem vulgar" e intelectual se confundam, em diferentes circunstâncias, com as tramas vividas pela legião de personagens que povoam a ficção. Nesse sentido, para além de representar a história latino-americana, marcada pela explosão de vozes e conflitos entranhados, desde séculos atrás na genealogia deste espaço, onde o vazio e a errância se destacam muito mais do que os encontros e as convicções, esta narrativa nos apresenta um fluxo descontínuo de experiências e discursos, em que a literatura se apresenta como um caminho para compreender melhor os nossos instintos e mazelas. Sob esse ponto de vista, partindo da possibilidade de que alinhemos a produção literária de Bolaño a uma onda de fenômenos políticos e culturais, quase sempre ligados à ideia de deslocamento e fragmentação, que assinalam a contemporaneidade, este estudo se preocupa em reconhecer a figura do escritor como uma espécie de detetive incansável, que, tanto dentro quanto fora da ficção, se propõe a investigar a vida e a poesia, percorrendo os campos invisíveis do valor e do medo.
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Referências
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