O projeto decolonial estético de Exu: encruzilhando a literatura de Cidinha da Silva, o feminismo de María Lugones e a pedagogia de Luiz Rufino

Autores

  • Karine Aragão dos Santos Freitas Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Talita Rosetti Souza Mendes Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.13102/cl.v24iEspecial.9318

Palavras-chave:

Cidinha da Silva; Literatura Decolonial; Gênero e Colonialidade; Pedagogia das Encruzilhadas; Decolonialidade

Resumo

O presente artigo propõe uma leitura do conto Lua cheia, da escritora brasileira Cidinha da Silva, inscrito no livro Um exu em Nova York, publicado em 2018, pela Pallas Editora, como um texto que evoca e que reflete a perspectiva decolonial a partir do questionamento e da desestabilização acerca da passividade e da docilidade como características inerentes ao corpo feminino, rompendo com o paradigma de gênero imposto pela colonialidade. Para tal objetivo, procura-se olhar para a narrativa literária a partir de intelectuais fundamentais à epistemologia decolonial, tendo como suporte teórico principal as abordagens da socióloga argentina María Lugones em Colonialidade e Gênero (2008) e em Rumo a um feminismo descolonial (2014), e do pedagogo brasileiro Luiz Rufino em Pedagogia das Encruzilhadas (2019). Com esse trabalho, acreditamos que, ao lançarmos luz sobre questões relacionadas à estética contemporânea, seja possível instigar movimentos de descolonização dos seres e dos saberes, sobretudo, relacionados à construção de gênero em sociedades que, assim como o Brasil, foram, historicamente, colonizadas e estão em busca de novos rumos em vistas à transformação.

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Biografia do Autor

Karine Aragão dos Santos Freitas, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Letras / Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio (2017) e Mestre Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense (2012). Possui graduação em Letras também por essa instituição (2009). Professora Substituta de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os interesses de pesquisa debruçam-se, principalmente, sobre as relações entre: decolonialidade e o corpo feminino; estética e política; e as possíveis (re)construções de novas epistemologias sociais/acadêmicas, com base nos caminhos da decolonialidade.

Talita Rosetti Souza Mendes, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Doutora em Estudos de Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2022). Mestre em Estudos de Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2003), Pós-graduada em Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Faculdade de Formação de Professores (UERJ-FFP 2012), Graduada em Letras Português - Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Faculdade de Formação de Professores (UERJ 2009). Membro do grupo de pesquisa Linguagem, Cultura e Trabalho, da PUC-Rio. Desenvolve pesquisas nas áreas da linguística aplicada, análise da narrativa, sociolinguística interacional, ensino e decolonialidade. Interesses de pesquisa: articulação entre discurso, práticas e construções identitárias na educação.

Referências

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Publicado

2023-07-18

Como Citar

Aragão dos Santos Freitas, K., & Mendes, T. R. S. (2023). O projeto decolonial estético de Exu: encruzilhando a literatura de Cidinha da Silva, o feminismo de María Lugones e a pedagogia de Luiz Rufino. A Cor Das Letras, 24(Especial), 215–226. https://doi.org/10.13102/cl.v24iEspecial.9318

Edição

Seção

Dossiê - Ressignificações do passado da América: vias para a descolonização e o pensamento decolonial na literatura e na tradução literária