O DEVIR DIASPÓRICO E A CONSTRUÇÃO DE UM UNIVERSALISMO HÍBRIDO
DOI:
https://doi.org/10.13102/ideac.v1i48.9235Resumo
Buscar-se-á neste artigo elementos teóricos que ajude a pensar o conceito de um novo modelo de universalismo, todavia, que não seja aos moldes do universalismo unilateral, apresentado pelo pensamento ocidental, e que teve a razão como guia unificadora das experiências individuais. Nossa hipótese é de que há um devir poético negro, portanto, diaspórico que se mostra em travessia que, ao se encontrar com outros devires, ou com outras humanidades passa a reconfigurar o universalismo, agora, de feição híbrida. Para tanto, partimos de uma abertura conceitual na configuração da metafísica tradicional, empreendida por Bergson, que nos ajuda a conceber ontologicamente o sentido de devir vital. Ver-se-á que a irradiação do pensamento de Bergson lança luz à estrutura teórica desenvolvida por Senghor em seu empreendimento de melhor pensar a constituição de um universal pós-colonial, uma vez que esse universal é atravessado e movido pelo que o poeta da négritude vem chamar de devir negro. Tal devir possibilita ânimo à construção de outra universalidade, aliás, é dele que vem a principal contribuição d’ África negra à civilização do universal.
Palavras-chave: Bergson; Senghor; Devir; Universalismo.
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