EPISTEMICÍDIO E NORMA EPISTÊMICA
Nas Encruzilhadas da Desobediência
DOI:
https://doi.org/10.13102/ideac.v1i48.9242Resumo
Este artigo tem como objetivo refletir acerca do epistemicídio e a norma epistêmica como estratégias de dominação colonialista por meio do exercício do poder sobre o saber e o ser em sociedades colonizadas, um debate que se enquadra igualmente no campo da epistemologia social, particularmente na temática sobre o “silenciamento epistêmico”. O epistemicídio ou as “injustiças epistêmicas”, junto ao genocídio em nosso território afro-pindorâmico, se caracteriza com continuadas tentativas de extermínio das tradições, saberes e suas tecnologias, sustentada por vários mecanismos de silenciamento, dentre eles, temos a norma epistêmica com base na “razão universal” ao exemplo do reducionismo e a analiticidade. Porém, como nossas/os ancestrais (culturais e epistêmicos) andamos nas encruzas da desobediência epistêmica, nas veredas da pluriversalidade, provincialização e da razoabilidade das racionalidades, “costurando” saberes dentro de uma estrutura “arqueológica de conhecimento” que é determinada, muita das vezes, por uma ecologia do saber que tem como barômetro um “local epistêmico” hegemônico desde a semântica ao processo de legitimação ontológica, ao exemplo das “eurofilosofias”; isto é, marginalização das “filosofias e ciências” da alteridade como as afro-pindorâmicas e indo-islâmicas.
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