Edward Said/Erich Auerbach: humanismo mundano e fenomenologia do exílio

Autores

  • Marcos Cezar Botelho UNEB

DOI:

https://doi.org/10.13102/cl.v18i1.1680

Resumo

Para Edward Said, o exílio e a migração são operadores de leitura caros ao pensamento crítico dissonante. Na perspectiva daquilo que chamo de uma fenomenologia saidiana do exílio, o lócus enunciativo do exilado é, para o pensador palestino, um estilo ético que implica numa posicionalidade diferencial indispensável para a compreensão crítica do mundo atual. Como veremos neste artigo, mesmo que os personagens conceituais do humanismo mundano de Said sejam, por excelência, filósofos, escritores e pensadores que experimentaram a condição de exilados, “perspectivismo do exílio” é lido, contudo, como o valor heurístico de uma posicionalidade crítica sempre fora do lugar e disponível até mesmo para aqueles que não experimentaram diretamente a migração e o desterro. Em outras palavras, este artigo procura comentar a releitura que o pensador palestino realiza, em Humanismo e crítica democrática, de Mimesis, de Erich Auerbach, propondo que o ponto de diálogo entre esses autores esteja na potência que migração e exílio desempenharam em suas trajetórias críticas. 

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Publicado

2017-06-03

Como Citar

Botelho, M. C. (2017). Edward Said/Erich Auerbach: humanismo mundano e fenomenologia do exílio. A Cor Das Letras, 18(1), 79–96. https://doi.org/10.13102/cl.v18i1.1680