O uso da língua para a discriminação
DOI:
https://doi.org/10.13102/cl.v21i1.5233Resumo
Analisamos uma postagem no Twitter do Ministro da Educação da República Federativa do Brasil que motivou a Procuradoria Geral da República a instaurar inquérito para apuração de crimes resultantes de preconceito e discriminação. No texto da postagem, sistematicamente o “r” é trocado por “l”, em caixa alta. O conteúdo evoca as histórias da Turma da Mônica, cujo enredo gira em torno de “planos infalíveis” de Cebolinha e Cascão para derrotar Mônica. Por analogia, a China estaria envolvida em um plano conspiratório para disseminar a COVID-19. Demonstramos como a manipulação de um traço linguístico pode evocar discriminação e preconceito.Downloads
Métricas
Referências
ABRAÇADO, J.; MARTINS, M. A. (Ed.). Mapeamento sociolinguístico do português brasileiro. Editora Contexto, 2015.
ADORNO, T.W. et al. The authoritarian personality. New York: Harper, 1950.
ALLPORT, G.W. The nature of prejudice. 3. ed. Wokingham: Addison-Wesley, 1979.
AMARAL, A. O Dialeto caipira. São Paulo: HUCITEC/Secretaria da Cultura, 1976.
BILLIG, M. Racismo, prejuicios y discriminacion. In: MOSCOVICI, S. (Ed.). Psicologia Social II: Pensamiento y vida social. Barcelona: Paidós, 1984, p. 575-600.
BLANK, C. A.; ZIMMER, M. C. A transferência fonético-fonológica L2 (francês)–L3 (inglês): um estudo de caso. Revista de Estudos da Linguagem, v. 17, n. 1, p. 207-233, 2009.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
BRASIL. Código de Conduta da Alta da Administração Federal, de 21 de agosto de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/codigos/codi_conduta/cod_conduta.htm>. Acesso em: 20 de abr. 2000.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 19 abr. 2020.
BRASIL. Lei 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 19 abr. 2020.
BRASIL. Lei 7.716, de 5 de janeiro 1989. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm>. Acesso em: 19 abr. 2020.
BRASIL. Lei 9.610, de 19 de janeiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm>. Acesso em: 19 abr. 2020.
BRESCANCINI, C.; MONARETTO, V. N. de O. Os róticos no sul do Brasil: panorama e generalizações. Signum, n. 11, p. 51-66, dez. 2008.
CASTRO, V. S. O “r caipira” em Mato Grosso do Sul–estudo baseado em dados do ALMS, Atlas linguístico do Mato Grosso do Sul. Estudos Linguísticos, v. 42, n. 1, p. 566-575, 2013.
COAN, M.; FREITAG, R. M. K. Sociolinguística variacionista: pressupostos teórico-metodológicos e propostas de ensino. Domínios de Lingu@gem, v. 4, n. 2, p. 173-194, 2010.
COSTA, L. T. da. 2011. 173 f. Abordagem dinâmica do rotacismo. Tese (Doutorado em Linguística) – Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, 2011. 173 f.
COSTA, L. T. da. Análise variacionista do rotacismo. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL, v. 5, n. 9, p.1-29, 2007.
COSTA, L. T. da. Fenômenos variáveis e variantes líquidas produzidas no ataque complexo. Acta Scientiarum, Language and Culture, v. 35, n. 2, p. 179-186, 2013.
DOVIDIO, J. F. et al. Prejudice, stereotyping and discrimination: Theoretical and empirical overview. In: DOVIDIO, J.F. et al. (Eds.). The SAGE handbook of prejudice, stereotyping and discrimination. Califórnia: SAGE, 2010, p. 3-29.
DUANMU, S. Chinese (Mandarin): phonology. In: BROWN, K. (Ed.) Encyclopedia of Language and Linguistics, 2nd Edition. Oxford, UK: Elsevier Publishing House, p. 351-355, 2005.
EAGLY, A. H.; DIEKMAN, A. B. What is the problem? Prejudice as an attitude–in-context. In: DOVIDIO, J. F.; GLICK, P.; RUDMAN, L. A. (Eds.). On the Nature of Prejudice: Fifty Years After Allport. Oxford: Blackwell, 2008, p. 19-35.
FIGUEIREDO, F. J. Q. de. Aquisição e aprendizagem de segunda língua. Signótica, v.3, p. 39-57, 1995.
FLEGE, J. E. Second language speech learning: Theory, findings, and problems. Speech perception and linguistic experience: Issues in cross-language research, v. 92, p. 233-277, 1995.
FREITAG, R. M. K. et al. Como o brasileiro acha que fala? Desafios e propostas para a caracterização do" português brasileiro". Signo y seña, n. 28, p. 65-87, 2015.
FREITAG, R. M. K. et al. Como os brasileiros acham que falam? Percepções sociolinguísticas de universitários do Sul e do Nordeste. Todas as Letras-Revista de Língua e Literatura, v. 18, n. 2, 2016.
FREITAG, R. M. K. et al. Vamos prantar frores no grobo da terra: estudando o rotacismo nas séries iniciais da rede municipal de ensino de Moita Bonita/SE. RevLet-Revista Virtual de Letras, v. 2, p. 17-31, 2010.
FREITAG, R. M. K. Sociolinguística no/do Brasil. Cadernos de Estudos Lingüísticos, v. 58, n. 3, p. 445-460, 2016.
GARDNER, R.; LAMBERT, W. Attitudes and motivation in second language learning. Rowley: Newbury House, 1972.
GASS, S. M.; SELINKER, L. Second language acquisition: An introductory course. Routledge, 2008.
GHANDOUR, H.; KADDAH, F. Factors affecting stimulability of erred sounds in common types of dyslalia. Egyptian Journal of Ear, Nose, Throat and Allied Sciences, v. 12, n. 1, p. 61-67, 2011.
GIORDANI, M. N. P. O rotacismo em final de sílaba. Filologia e Linguística Portuguesa, v. 7, n. 7, p. 129-134, 2005.
GRIFFIN, K. Lingüística aplicada a la enseñanza del español como 2/L. 2 ed. Madrid: Arco Libros, 2011.
HILL, J. H. Language, race, and white public space. American anthropologist, v. 100, n. 3, p. 680-689, 1998.
INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL/PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA. Inquérito 0004827, de 10 de abril de 2020. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/pgr-inquerito-weintraub-racismo-chineses.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2020.
JONES, J. M. Racismo e preconceito. São Paulo: Edgard Blücher, 1972.
LIMA, M. E. O.; VALA, J. As novas formas de expressão do preconceito e do racismo. Estudos de Psicologia, v. 9, n.3, 2004, p. 401-412.
LIPPMANN, W. Public opinion. Nova York: Harcourt Brace, 1922.
MARTÍN, J. M. La adquisición de la lengua materna (L1) y el aprendizaje de una segunda lengua (L2)/lengua extranjera (LE): procesos cognitivos y factores condicionantes. In: LOBATO, S. J.; GARGALLO, I. S. Vademécum para la formación de profesores: enseñar español como segunda lengua (L2)/lengua extranjera (LE). Madrid: SGEL, 2004.
MARTINS, M. O português dos chineses em Portugal – O caso dos imigrantes da área do comércio e restauração em Águeda. 2008. Dissertação (Mestrado em Estudos Portugueses), Universidade de Aveiro, 2008.
MONARETTO, V. N. de O. A vibrante pós-vocálica em Porto Alegre. In: BISOL, L.; BRESCANCINI, C. (Org.). Fonologia e variação: recortes do Português Brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, p. 253-268.
NOH, A. I. C. et al. Dislalia asociada a hábitos orales. Oral, v. 13, n. 41, p. 865-869, 2012.
OCHS, E. Indexing gender. New York: Cambridge University Press, 1992.
OLIVEIRA, D. M. de. Percepção e produção de sons consonânticos do português europeu por aprendentes chineses. 2016. Dissertação (Mestrado em Português Língua Não Materna), Universidade do Minho, 2016.
PAIVA, M. da C. de; SCHERRE, M. M. P. Retrospectiva sociolingüística: contribuições do PEUL. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, v. 15, n. SPE, p. 201-232, 1999.
PINHEIRO, B. F. M.; FREITAG, R. M. K. Estereótipos na concordância de gênero em profissões: efeitos de frequência e saliência. Linguística, 2020.
REIS, G. F. M. dos. Cravícula e carcanhá: a incidência do rotacismo no falar maranhense. Revista Littera, v. 1, nº 1, p. 33-40, 2010.
RODRIGUES, A.; ASSMAR, E. M. L.; JABLONSKI, B. Psicologia Social. 18. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1999.
ROMANO, V. P.; FONSECA, C. G. Uma abordagem sociodialetológica do fenômeno do rotacismo no município de Itajubá-MG. Web-revista sociodialeto, v. 6, n. 16, 2015.
RONCARATI, C.; ABRAÇADO, J. Português brasileiro II: contato lingüístico, heterogeneidade e história. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008.
RONCARATI, C.; ABRAÇADO, J. Português brasileiro. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003.
SCHERRE, M. M. P. Padrões sociolinguísticos do português brasileiro: a importância da pesquisa variacionista. Tabuleiro de Letras, n. 4, 2012.
SIBLEY, C. G.; BARLOW, F. K. What is prejudice? An introduction. In: BARLOW, F. K.; SIBLEY, C. G (Eds.). The Cambridge Handbook of the Psychology of Prejudice: Concise Student Edition. Cambridge: Cambridge University Press, 2008, p. 1-14
SILVA, A. J. B. da. Português de arremedo: um lado do preconceito linguístico no Brasil. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v.61, p. 1-19, 2019.
SILVA, T. B.; SIMIONI, T. O personagem Chico Bento como recurso didático e o que ele revela sobre os conhecimentos de variação linguística de professores e futuros professores. Guavira Letras, v. 11, n. 21, 2016.
SILVA, T. C. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 10. ed. São Paulo: Contexto, 2005.
SOUZA, G. de L.; SILVA, R. M. da C.; COUTINHO, D. J. G. Dislexia e dislalia: necessidades e possibilidades na prática inclusiva. Brazilian Journal of Development, v. 5, n. 12, p. 32009-32018, 2019.
STANGOR, C. Stereotypes and Prejudice: Essential Readings. Philadelphia, PA: Psychology Press, 2000.
STANGOR, C.; LANGE, J. Mental representation of social groups: advances in understanding stereotypes and stereotyping. Advances in experimental social psychology, v. 26, p. 357–416, 1994.
STEPHAN, W. G.; STEPHAN, C. W. An Integrated Threat Theory of Prejudice. In: OSKAMP, S. (Ed.). Reducing prejudice and discrimination. Nova Jersey: Lawrence Erlbaum, 2000, p 23-45.
ZANNA, M., P.; REMPEL, J. K. Attitudes: A new look at an old concept. In: BAR–TAL, D.; KRUGLANSKI, A. W.(Ed.). The social psychology of knowledge. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1988, p. 315-334.
ZHOU, C. Contributo para o estudo da aquisição das consoantes líquidas do português europeu por aprendentes chineses. 2017. Dissertação (Mestrado em Linguística), Universidade de Lisboa, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista A Cor das Letras
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.