Assentos de casamentos da Freguesia de Santo Antônio do Urubu de baixo do Rio São Francisco (1719-1753): ler e escrever conforme as testemunhas

Autores

  • Lécio Barbosa de Assis Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB http://orcid.org/0000-0001-9343-6900
  • Jorge Augusto Alves da Silva Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
  • Vera Pacheco Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.13102/cl.v24i2.10159

Palavras-chave:

História Social da Cultura Escrita. Filologia. Paleografia. Assinaturas. Assentos de casamentos.

Resumo

O principal interesse desse estudo é analisar as práticas sociais da cultura escrita, com especial atenção ao exame das assinaturas das testemunhas de casamentos, presentes no primeiro livro de registros paroquiais da Freguesia de Santo Antônio do Urubu de baixo do Rio São Francisco, Capitania de Sergipe d’El Rey do século XVIII. Como base teórico-metodológica, utilizou-se a perspectiva da História Social da Cultura Escrita (CASTILLO GÓMEZ, 1999; 2003; CASTLLO GÓMEZ; SÁEZ, 1994; PETRUCCI, 2000; 2002) e as interfaces necessárias entre a Filologia e a Paleografia (SPINA, 1977; CAMBRAIA, 2005; BERWANGER; LEAL, 2008). Assim, a presente investigação configura-se como um estudo de um corpus diacrônico a partir da leitura e da transcrição paleográfica, descrição e análise das assinaturas das testemunhas de casamentos, produzidas por uma classe dominante e por pessoas socialmente autorizadas para ordenar relações e práticas sociais (CASTILLO GÓMEZ, 2003), refletindo etapas pretéritas das habilidades de ler e escrever, permitindo a realização de um estudo, segundo a caracterização de Magalhães (1996). Os registros de casamentos seguiam a um formulário preestabelecido pelas Ordenações do Sagrado Concílio Tridentino (1545-1563) e das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia (1707), exarados pelos párocos, que no ato do registro assinavam o documento, juntamente com as testemunhas. Nesse sentido, as questões que se propõe são: quem soube escrever naquele momento particular e quais as relações sociais são representadas pela materialidade da escrita naquele microcosmo social do sertão de baixo do século XVIII? Para essas perguntas, a hipótese inicial é a de que a instrução estava diretamente relacionada com as classes da sociedade e específica para cada sexo, e teria sido este o motivo, o qual determinadas testemunhas não grafaram seus nomes no documento.

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Biografia do Autor

Lécio Barbosa de Assis, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Doutorando e Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. Possui graduação em Letras - Habilitação em Português, Inglês e respectivas Literaturas pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB ( 2004 ) e Bacharelado em Administração também pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB (2014) . Pós-graduação Lato Sensu em Língua Portuguesa ( 2007), Pós-graduação Lato Sensu - MBA em Gestão de Pessoas (2013), Pós-graduação Lato Sensu em Metodologia de Ensino e Pesquisa em Língua Inglesa (2014) e Pós-graduação Lato Sensu em Educação Inclusiva com ênfase em Libras (2015). 

Jorge Augusto Alves da Silva, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Doutor em Linguística pela UFBA; Professor Pleno vinculado ao Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB e ao Programa de Pós-graduação em Linguística e Profletras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Vera Pacheco, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Doutora em Linguística pela Unicamp; Professora Plena vinculada ao Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e ao Programa de Pós-graduação em Linguística e ao Profletras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

Referências

FONTES:

Fonte manuscrita digitalizada:

Livro de assentos de casamentos e óbitos da Freguesia de Santo Antônio do Urubu de Baixo do rio São Francisco. Data-limite: 1719-1757. Cúria Diocesana de Bom Jesus da Lapa – BA.

Fonte impressa digitalizada:

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Publicado

2024-04-04

Como Citar

Assis, L. B. de, Alves da Silva, J. A., & Pacheco, V. (2024). Assentos de casamentos da Freguesia de Santo Antônio do Urubu de baixo do Rio São Francisco (1719-1753): ler e escrever conforme as testemunhas. A Cor Das Letras, 24(2). https://doi.org/10.13102/cl.v24i2.10159