Descrição e análise sócio-histórica do sistema pronominal de posse do português rural da Bahia
DOI:
https://doi.org/10.13102/cl.v18i2.1864Resumo
Este artigo tem por objeto a alternância de marcação possessiva no português rural da Bahia, em que se encontram duas opções estruturais: a construção analítica (o dia de nós; o grupo da gente) e a construção sintética (nossa região). Apenas a última construção é atestada no português europeu. No entanto, a primeira é comum em línguas reestruturadas por processos de transmissão linguística irregular desencadeados pelo contato entre línguas. A base empírica é fornecida pelos resultados de uma análise desse aspecto da gramática em regiões isoladas do semiárido baiano, vistos à luz da literatura sobre aquisição de L2 em situação de contato.
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