Corpus eletrônico de documentos históricos do sertão: as cartas de inábeis
DOI:
https://doi.org/10.13102/cl.v17i1.1463Resumo
O projeto CE-DOHS – Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão, que integra o Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Humanidades Digitais (neiHD), da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tem por objetivo realizar a edição digital de textos do Banco DOHS – Documentos Históricos do Sertão, do projeto Vozes do Sertão em Dados: história, povos e formação do português brasileiro, um dos projetos do Núcleo de Estudos em Língua Portuguesa (NELP), da UEFS, bem como sua anotação morfológica e sintática, elaborando um corpus diacrônico anotado que sirva como recurso eletrônico para o estudo linguístico do português brasileiro. A maior parte dos documentos do DOHS, datados e localizados – que hoje se encontram também em versão digital no CE-DOHS – são cartas manuscritas, dos séculos XIX e XX (1084 cartas, 422 remetentes), editadas sobretudo por Carneiro (2005), que investiu na busca e na organização de acervos documentais que pudessem contribuir para o processo de reconstrução sócio-histórica do português brasileiro, tanto da vertente popular como da vertente culta – especialmente do português no interior da Bahia. Além dos acervos constituídos por documentação epistolar, há também livros manuscritos, além de textos impressos e textos orais. O material disponível no Banco atende, entretanto, não somente a pesquisadores interessados em análises de aspectos linguísticos, mas em aspectos da difusão da escrita, da leitura, das transmissões textuais, históricos, políticos, econômico-sociais, entre outros. Neste trabalho, a ênfase é para o acervo Cartas em Sisal, constituído por 91 cartas de inábeis, editadas por Santiago (2012), disponíveis no CE-DOHS, nas versões semidiplomática e modernizada; são cartas pessoais, escritas ao longo do século XX, por 43 sertanejos oriundos do semiárido baiano. Esse acervo tem especial relevância para a Linguística Histórica, por ser uma amostra representativa da escrita por mãos inábeis – termo consagrado pela tradição paleográfica –, considerando-se a dificuldade de encontrar textos que refletem a escrita cotidiana, vernacular, produtos de indivíduos com baixo nível de letramento.
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